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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Família fofinha

Durante grande parte da minha infância e adolescência vivi rodeada de betos. Betinhos chiques, com nomes chiques e famílias ainda mais chiques. Viviam em grandes casas, os pais normalmente eram médicos, advogados ou juízes e tinham tudo e mais alguma coisa. Não que me tenha faltado alguma coisa mas enquanto eu suplicava por uma t-shirt da Ralph Lauren, eles tinham 20. 
Queria ser como eles, queria que os meus pais também fizesses viagens à neve no inverno, mudassem de carro todos os anos e queria viver em casas iguais às deles. Convivi com pessoas que recebiam uma mesada superior àquilo que um dos pais ganhavam estando a trabalhar e por isso era tudo facilidades. Lembro-me de ter ido às compras com uma amiga e ela ter comprado umas botas de 200€ como se estivesse a comprar pastilhas. Fez-me mesmo muita confusão mas ao mesmo tempo queria também ter aquela liberdade financeira. Às vezes sentia-me incomodada por não poder fazer aquilo, por não poder sair tantas vezes à noite ou jantar fora todas as semanas. 
Quando cheguei à faculdade as coisas mudaram um bocadinho. Conheci pessoas mais humildes, mais parecidas comigo em tudo e a minha visão das coisas alterou-se. Comecei a perceber que se calhar não tinha tanta disponibilidade financeira mas tinha outras coisas, tinha uma família unida, que se dava bem e que gostava mesmo de mim. Esse sentimento de pertença cresceu e hoje em dia sinto cada vez mais isso. Sinto que a minha família é o meu núcleo duro e sei que nem todas as pessoas têm esta sorte. E eu quando digo " a minha família" não me refiro só aos meus pais e à minha irmã, mas aos meus primos, avós, padrinhos, tios... 
Sei que tenho mesmo muita sorte e por isso espero nunca perder esta ligação de amor incondicional. 




Bia. 

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