O conceito de amizade, para mim, tem vindo a alterar-se ao
longo do tempo. Se há alguns anos os amigos eram apenas aqueles com quem
privava diariamente, hoje em dia valorizo talvez ainda mais, as pessoas que
estão longe. O que mais adoro nos amigos
é aquela sensação do reencontro. Não via aquela pessoa há anos mas quando nos
encontrámos percebemos que nada mudou, como se o tempo tivesse parado no
momento em que nos despedimos pela ultima vez e, passados alguns anos, retomamos
aquele momento.
Aprendi nos últimos anos que vamos perdendo alguns “amigos”,
vamos ganhando outros e vamos percebendo que a nossa rede fica cada vez mais
pequena. Sei que conheço muita gente com quem me dei durante anos mas, neste
momento, não são meus amigos. São conhecidos, pessoas com que estive durante
uma pequena fase da minha vida. Inevitavelmente, alguns desses elementos vão
ficando por uma qualquer razão que não sei dizer qual. Vão ficando mesmo sem
falar todos os dias, mesmo sem nos vermos, mesmo sem sabermos nada uns dos
outros durante muito mas mesmo muito tempo. Qual é a diferença destes que
permanecem e dos que vão? Não sei. Talvez a química, a ligação que tivemos tivesse
sido mais forte na altura e por qualquer motivo ficou.
Tenho muitos amigos assim. Amigos com quem estou apenas uma
vez por ano (quando é) e quando nos voltamos a falar, está tudo igual. Contamos
as mesmas piadas, relembramos situações antigas e rimos, rimos muito. Gosto
desses amigos, gosto desses momentos e gosto especialmente quando dizem: há
pessoas que não precisam de se ver ou falar todos os dias porque sabemos que
nada mudou e a amizade irá manter-se. Foi uma pessoa importante para nós num
determinado momento da vida e sabemos que podemos contar com ela para o resto
da vida.
“Ninguém escolheria viver sem amigos, ainda que dispusesse
de todos os outros bens, e até mesmo pensamos que os ricos, os que ocupam altos
cargos, e os que detêm o poder são os que mais precisam de amigos”. Aristóteles.
Bia.
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