A primeira noite na maternidade foi um misto de pânico com a melhor sensação do mundo. De repente já tudo tinha passado e estava ali, sozinha, com o meu bebé. Não sabia muito bem o que fazer, só queria olhar para ele, tocar-lhe, ver como era perfeitinho.
Aquelas horas passaram a voar e eu, ainda cheia de dores, sem grande posição na cama porque tinha o incómodo dos pontos, não sabia como cuidar daquele bebé. Tão frágil, tão angelical e tão, tão querido. As enfermeiras apareciam de hora a hora para ver como estávamos e picar o bebé para ver como estava o índice da glicémia.
Escusado será dizer que não dormi rigorosamente nada. Acordava sempre que um bebé chorava (basicamente de 5 em 5 minutos) a pensar que era o meu mas ele não chorou a noite toda. Decidi, a meio da noite, lá para as 4h da manhã levá-lo para a minha cama a ver se conseguia dormir alguma coisa mas nada resultou. O barulho de fundo da maternidade e os outros bebés a chorarem fizeram com que conseguisse fechar os olhos para aí uma hora. Pensei que na manhã seguinte ia sofrer com dores de cabeça, cansaço mas não, parecia que tinha dormido a noite inteira.
Foram umas horas estranhas mas tão boas ao mesmo tempo... Estive ali com o meu bebé, agarradinha a ele, a sentir o seu cheiro, a sua pele (ainda muito fininha) e quis que aquele momento durasse para sempre. Senti que estava a protegê-lo, não sei bem do quê, mas tive esse sentimento. Na manhã seguinte, um reboliço logo às 7h. Pequeno-almoço, pesagem dos bebés, visita dos pediatras, exames às mamãs, mudança dos lençóis... Todo um movimento que para quem tinha dormido 1h parecia uma revolução.
A noite tinha sido longa e apesar de o meu bebé não ter chorado uma única vez, sabia que ele tinha de mamar mais ou menos de 2 em 2 horas mas ele ainda mal conseguia abrir os olhos quanto mais mamar. Foram momentos difíceis e de alguma frustração porque ele não pegava na mama. As enfermeiras foram umas queridas,uns amores que não me deixaram desistir e sempre que tinha de dar de mamar chamava por elas e lá vinha alguém ajudar-me. Lembro-me da enfermeira Vitória ter estado quase 1h comigo e com o bebé até ele conseguir pegar na mama e finalmente mamar qualquer coisa. Teve tanta, mas tanta paciência. Sei que se não fosse ela e as restantes enfermeiras provavelmente teria desistido de amamentar. É muito frustrante não saber se o bebé se está a alimentar ou se mama o suficiente, só sabemos na altura da pesagem e isso não é reconfortante na altura de amamentar (tenho de vos falar mais à frente sobre este tema).
Nos dias em que estive internada senti uma grande ansiedade porque sabia que o bebé não podia perder muito peso (já tinha nascido bem pequenino, com 2,075 kg) caso contrário teríamos ficar internados mais uns dias.
A segunda noite foi um pouco mais tranquila, consegui dormir mais umas horitas (para aí umas 3h) e descansei um bocadinho mais. Durante o dia tinha recebido algumas visitas e nessa altura fui tomar banho e tratar de mim (não era capaz de deixar o bebé sozinho muito tempo). Foram momentos tão intensos, a minha família foi de Coimbra a Lisboa nesse dia para estar comigo e com o bebé menos de 1h. Queria que ficassem mais tempo comigo e com ele, especialmente para me irem dando instruções: podes mudar a fralda, agora se calhar precisa de mamar, tapa mais o bebé porque está frio... Enfim, os primeiros dias são sempre mais difíceis porque de facto os bebés não trazem manual de instruções o que nos complica bastante a vida.
No segundo dia, de manhã, o bebé foi visto novamente por uma pediatra e tivemos logo alta. Fiquei tão contente! Só queria ir para casa, dormir na minha cama, poder descansar e fazer as coisas ao meu ritmo. E assim, passados dois dias fui para casa com o meu bebé e com uma série de consultas já agendadas para ir verificando o peso e o estado do bebé. Como nasceu prematuro e com baixo peso era importante ser vigiado nos primeiros dias.
Foram momento inesquecíveis, muito marcantes mas também de muita preocupação e cuidado.
Bia.