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terça-feira, 16 de maio de 2017

Segundo trimestre ou o inferno na terra (parte II)

Passaram dois dias desde que tinha ido fazer a ecografia e tinha chegado o dia de ir à Maternidade repeti-la. Estava simplesmente em pânico, tinha a boca seca, as mãos a suar e parecia não haver sinais de que algum milagre pudesse acontecer. Estava na sala de espera há duas horas e nada, o meu nome não se ouvia em nenhum microfone. 
Apesar de o Dr. Álvaro ter dito que podia ter de esperar algum tempo (porque não tinha consulta marcada) aquela espera estava a matar-me aos poucos. Depois de 4h à espera lá chamaram por mim, a sala de espera já estava vazia. Quando ouvi o meu nome, tudo à volta desapareceu, estava tão mas tão nervosa... Entrei na sala e lá estava o Dr. Álvaro com a sua equipa - Dr. Bruno Carrilho, Dra Natacha Oliveira e uma enfermeira. O Dr. Álvaro não parecia a mesma pessoa, muito bem disposto, sorridente e muito positivo. Explicou que íamos repetir a ecografia e, tal como já tinha informado, caso o edema não tivesse desaparecido teríamos de avançar para a amniocentese para fazer um estudo mais detalhado e descobrir se existia alguma mal-formação. Concordei mas rezei para que tudo tivesse passado. Além disso o meu pânico a agulhas não me deixava sequer pensar em ver uma agulha GIGANTE espetada na minha barriga. 
- O edema mantém-se - disse friamente a olhar para o ecrã e a mostrar quase sorrateiramente aos colegas.
Mantém-se?? Como mantém-se?? E as minhas rezas, os meus pedidos? Não tiveram efeito? Ninguém me ouviu?!

O Dr. Álvaro mostrou as imagens da ecografia aos colegas e todos concordaram em avançar para a amniocentece. Explicaram-me os riscos, o que teria de fazer depois do exame e perguntaram se eu concordava em realizar o tal exame. Disse que sim obviamente e, se querem saber a verdade, nem pensei na agulha.

STOP na história, tenho de fazer uma pausa para salientar o profissionalismo de todos. O Dr. Bruno Carrilho foi simplesmente um amor. Agarrou-me na mão antes do exame e disse "vai correr tudo bem, tenha calma". Durante o exame deu-me o braço dele para eu segurar e não olhar para agulha. Mais fofinho que isto não há. 

Depois de feito o exame levaram-me para uma salinha onde mediram a tensão e me explicaram que nas próximas 48h só podia levantar-me para ir à casa de banho, fora isso era repouso absoluto, deitadinha sem mexer durante esse período. 
Quando estava para sair, apareceram o Dr. Álvaro e o Dr. Bruno para me darem mais uma forcinha e ambos disseram que à partida o edema ia desaparecer e que não haveria de ser nada. Relembraram a importância do descanso e marcaram uma nova consulta para dali a uma semana. Explicaram que os resultados da amniocentese eram dados por telefone caso estivesse tudo bem mas se houvesse algum dado em contrario teria de ir à Maternidade saber o resultado. 

Mais uns dias de pânico e ansiedade ao máximo até que 3 dias depois ligaram-me a dizer que estava tudo ok e que o exame deu negativo para as trissomias. Ufaaaa... Saíram-me kilos de cima e podia respirar um bocadinho de alívio, ainda faltava receber o resultado das malformações genéticas e isso também me assustava bastante. Mais uns dias de espera e ligaram-me novamente... Tudo ok!

Graças a Deus, aos santinhos, ao Buda, a todos a quem pedi proteção, o meu bebe era perfeitinho.  

Uma semana depois volto à Maternidade e milagre dos milagres, durante a ecografia o Dr. Álvaro diz: "o edema desapareceu. Tal como apareceu, também desapareceu. Agora resta perceber porque é que o bebe não está a crescer como devia."

Não sei o que senti. Foi um misto de alegria, emoção, euforia com medo, pânico e ansiedade. Mais uma consulta marcada e aí iriam "estudar" o porquê de ser um bebe tão pequeno. Pensei: o pior já passou. 


Bia. 

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