Posso dizer que a minha vida se divide em dois períodos, tal
como o antes de Cristo e o depois de Cristo. As minhas duas fases são: antes de
tralhar e depois de trabalhar.
Quando andava a estudar a minha vida era tão mais simples. Tinha
algumas responsabilidades sim, mas não eram como as que tenho hoje em dia, que
carrego toda uma carga de stress e pressão impressionantes. Não gosto de falhar
e por isso espero sempre conseguir fazer o melhor, sem correr o risco de não
dormir à noite porque falhei um prazo ou porque não correspondi aquilo que a
minha empresa me propôs. Se é obrigatório ser assim, talvez não, mas como
sempre vivi sob a velha máxima da responsabilidade, sou assim e acho que sempre
serei.
Agora, desde que trabalho, a minha vida (e eu também) mudou radicalmente.
Sou uma pessoa totalmente diferente daquilo que era há uns anos porque a minha
profissão ensinou-me a perder a lata. Ensinou-se a saber defender-me e não
ficar para trás, não me deixar pisar. Inicialmente, todos me viam como uma miúda,
como uma mera estagiária que não sabia o que fazia. Se calhar, em parte, tinham
razão mas exatamente por ter cara de miúda, tive de me saber defender e impor.
Mostrar ao mundo que também sei o que faço, sou profissional e gosto do que
faço. Para isso tive de perder a vergonha, ir em frente e fazer algo que nunca
tinha tido coragem de fazer: interromper reuniões em clientes, falar com
pessoas que nunca vi na vida, irritar-me quando me pisam os calos e se for
preciso, impressionar com um discurso sábio e conhecedor de todos os processos
(sem muitas vezes saber se estou certa ou errada) e sentir que consigo tomar
conta da situação.
Não me imaginava assim quando tinha 15 anos. Imaginava-me a
andar todos os dias de saltos altos, muito mais séria e sem muitas responsabilidades. Enfim, foi o que se pôde arranjar.
Bia.
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