Ainda na continuação do dia internacional da mulher, ontem
apercebi-me de que, de facto, todos os dias são das mulheres.
Falavam na televisão de que as mulheres ganham menos do que
os homens e trabalham, em média, mais 5 horas por dia a organizar a casa: fazer
o jantar, ir às compras, tratar dos filhos. Ainda assim há quem incuta,
inconscientemente ou não, muito mais responsabilidades à mulher no que toca a
tudo o que diga respeito à casa.
Há uns dias, cheguei a casa de rastos, depois
de um dia de loucos, e não me apeteceu cozinhar. Comi uma sandes qualquer e
só me apeteceu ir dormir. No dia seguinte, quando liguei à minha mãe disse-lhe
que tinha comido qualquer coisa e não tinha feito jantar porque estava de facto
muito cansada. E qual foi a preocupação dela? “Então e o R.? Não comeu
nada? Coitado!” COITADO??? E eu não sou coitada? Eu também não trabalho? Eu também
não tenho preocupações? Isso era antigamente em que as mulheres ficavam em casa
a cuidar dos maridos. Agora não, agora é diferente ou, pelo menos, deveria ser.
Porque é que tem de ser a mulher a assumir o controlo e a gestão da casa?
Porque é que a mulher é constantemente confrontada com perguntas do género: “onde
estão as minhas meias?, sabes dos meus boxers?, há camisas passadas?, sabes se
há pão?”. Eu tenho de saber isso porquê? Porque de facto eu sei. Porque na
realidade sou eu que faço as compras, porque na realidade sou eu que passo a
roupa a ferro e a arrumo nas gavetas, porque de facto, inconscientemente sou eu
que faço essa gestão. E agora? Coitado… Coitado porque está cansado. Coitado
porque tem de ser ele a passar uma camisa DELE a ferro, coitado porque os
homens não podem lavar a louça.
Em que mundo é que vivemos? Que mentalidade tão
retrógrada. Irrita-me. Irrita-me esta falta de igualdade e de coerência.
Dia da mulher é todos os dias, dia da mulher é quando
trabalhamos todos os dias e ainda temos um part-time chegando a casa, dia da
mulher é conseguirmos ser isto e muito mais e ainda assim sermos felizes.
Bia.
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