Blogs Portugal

quarta-feira, 11 de março de 2015

Sorte ou destino?

Há uns dias, fui jantar com uns amigos numa zona perto da baixa. Um dos meus amigos fazia anos e decidimos ir jantar fora. Fomos ao mercado da Ribeira e por ali ficámos até ser hora de irmos beber uns copos. Vimos de tudo. Vimos miúdos de 15 anos a vaguear pelas ruas completamente bêbedos ou drogados (sei lá!), vimos miúdas quase nuas com um frio de morte, pessoas mais velhas com toda uma indumentária chique mas chique, como se estivessem a passear na passarela, enfim havia de tudo. 
No fim de jantar, fomos dar uma volta pelo bairro alto que, diga-se de passagem, já viu melhores dias.
Falámos, divertimo-nos, relembrámos histórias antigas até já não aguentarmos mais e voltarmos para o carro. No caminho, passámos por uma zona onde dormiam sem-abrigos, debaixo de umas arcadas. Todos cobertos com cobertores. Eram talvez uns dez que dormiam ali no chão, com frio e tão, mas tão desconfortáveis. Olhei e fez-me muita confusão. Porque seria que estavam ali aquelas pessoas? Quais as suas histórias? Estavam acomodados, não queriam ser ajudados ou simplesmente não tinham mais opções de vida? Ficaram sem emprego? Teriam família? Que nó no estômago, que baque levei no coração ao ver aquelas pessoas ali. De repente vejo uma carrinha de ajuda aos sem abrigo parar ali, mesmo no meio da estrada. Saíram 3 ou 4 pessoas (possivelmente voluntários) e distribuíram um saquinho com comida a todos os que estavam deitados no chão. Não os acordaram, não falaram com eles. Apenas deixaram qualquer coisa para comer, sem interromper o descanso que deve ser tão difícil de conseguir naquelas condições. Olhei para os voluntários e pensei que provavelmente eu não teria a coragem deles, provavelmente não iria aguentar tanta injustiça, tanta falta de sorte, tão cruéis destinos. Acredito que aquelas pessoas fazem muito, ajudam muito, dão muito do seu tempo, do seu amor, da sua compreensão a quem simplesmente não conhecem. E eu? O que poderia fazer? Senti-me fraca, senti que não tinha aquela força, senti-me pequena. Apeteceu-me voltar atrás, não ter ido jantar fora, não ter ido sair e ter gasto aquele dinheiro a ajudar nem que fossem 2 pessoas. Teria ficado bem mais feliz. 
Cheguei a casa e pensei. Pensei numa forma de ajudar. Decidi fazer um donativo. Não que fizesse grande diferença, mas se desse para ajudar a comprar mais um pão já seria qualquer coisa. 
Mas será que isso resolve os problemas do mundo? Se calhar não, mas se todos ajudassem um bocadinho (e contra mim falo), talvez conseguíssemos viver num mundo melhor.
Vi de perto o trabalho daqueles voluntários e se calhar aquela instituição (e tantas outras iguais) precisam de tanta ajuda e o que é que fazemos? Nada. Continuamos na nossa vida de sempre, preocupados com o nossos problemas totalmente indiferentes ao mundo que nos rodeia. 


Bia. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário